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terça-feira, 2 de setembro de 2008

"A moda é a visão mais conservadora do luxo", diz criador de conferência sobre o tema

01/09/2008 - 22h33
CAROLINA VASONE
Editora de UOL Estilo

Divulgação


Carlos Ferreirinha, consultor de luxo e organizador do evento

No primeiro dos três dias que se seguirão com palestras, na 1ª Conferência Internacional do Luxo da América Latina, uma surpresa: a moda, apontada como a área que provoca mais consumo no setor luxuoso, segundo pesquisa divulgada nesta segunda (1/9) dentro do próprio evento, não é a vedete dos três dias de debates. "A moda é a visão mais conservadora do luxo", disse ao UOL Estilo Carlos Ferreirinha, consultor na área e organizador da conferência. E tem mais. "Quem consome moda é a classe média", afirma, desenvolvendo um raciocínio que leva o potencial de crescimento do luxo no Brasil para outros setores. "Nosso investimento deve ser no serviço. Nos hotéis, spas no Norte e Nordeste em especial, e em todo o resto do país", acredita.

O foco de Carlos Ferreirinha, também coordenador do MBA de Gestão de Luxo da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), segue o que outros especialistas como o filósofo francês Gilles Lipovetsky pensam a respeito do conceito moderno sobre o tema: mais do que adquirir bens concretos para exibí-los, o luxo está muito mais hoje ligado à conquista de emoções, de sensações prazerosas.

Neste caminho, à moda - que não foi ignorada, claro, com bons representantes como diretores das grifes Salvatore Ferragamo e Stella McCartney - se unem empresas de áreas como gastronomia, hotelaria e aviação.

Marcas, consumidores e números

Uma das atrações desta segunda (1/9), Diego Stecchi, diretor geral da Salvatore Ferragamo na América Latina e Caribe revelou as vantagens e dificuldades que uma grife de renome mundial tem ao investir na região. Stecchi elogiou a estrutura da Daslu e apontou a dificuldade em identificar as regiões nas cidades brasileiras que realmente são luxuosas como ponto negativo. Em termos de estrutura e mesmo de retorno a curto prazo, o México ganha do Brasil e parece ser o queridinho do setor de grandes marcas internacionais entre os países latinos.

Do outro lado da caixa-registradora, Paulo Carramenha, diretor da GJK Indicator, uma das maiores empresas de pesquisa do país, expôs os resultados da pesquisa feita em 2007 sobre o comportamento de luxo no Brasil, que, no anos passado, movimento 5 bilhões de dólares, com crescimento de 28% em relação a 2006.

Segundo levantamento feito com 342 entrevistados, descobriu-se que cerca de 70% do que se compra vêm de produtos de moda. Entre os consumidores, 58% são mulheres, 66% não têm filhos, 40% têm idade entre 26 a 35 anos. Uma fatia considerável de 42% das pessoas gasta em média R$1 mil a cada compra. Isso, considerando que 29% realiza semanalmente este tipo de compra, somando mais 16% que desembolsam a mesma média quinzenalmente.

Entre as grifes com mais status de luxo, a Louis Vuitton aparece em primeiro lugar (27% das menções), seguida de Armani (9%) e Dior (8%). A Louis Vuitton também aparece na liderança da marca mais tradicional. Já no quesito "desejo de compra", as que despertam esta vontade são Chanel e Gucci.

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