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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cinemas de rua transformam mais a vizinhança que os de shopping


O Cine Belas Artes, um dos mais tradicionais cinemas de São Paulo corre, de novo, o risco de baixar as portas.

"Já procuramos umas 20 empresas, mas, até agora, não conseguimos nenhum patrocínio para o lugar do HSBC", diz André Sturm, um dos sócios do Belas Artes.

O banco, que tinha atrelado sua marca ao espaço em 2004, rompeu o contrato no final de março.

"Se a gente não conseguir um patrocínio até julho, fecho o cinema até o final do ano", diz.

Pesquisa da USP mostra que os cinemas de arte, mais independentes, causam mais transformações físicas e sociais no espaço urbano que as grandes redes de cinema instaladas em shoppings. O motivo: o perfil dos frequentadores

Remanescente dos tempos em que os cinemas ficavam na rua, e não nos shoppings, o Belas Artes foi escolhido, pelo Guia da Folha, este ano, como o detentor da melhor programação de São Paulo.

O que transforma mais o espaço urbano? Os cinemas de arte e mais independentes, como os que existe na região da Avenida Paulista, em São Paulo, ou as grandes redes instaladas nos shoppings centers, também chamadas de multiplex? De bate-pronto, muita gente responderia a segunda opção. Mas um geógrafo pesquisador da Universidade de São Paulo descobriu que o frequentador de multiplex usa o espaço do shopping de maneira temporária e menos sólida, uma vez que é cerceado e controlado pelas regras do shopping. "Quando esse frequentador muda de amizades, de namorada, de tipo de entretenimento, por exemplo, ele também muda de cinema" diz o pesquisador Eduardo Baider Stefani.

Já os cinemas de arte, que se instalam em ruas, galerias e espaços culturais, não possuem padronização nas salas e exibem produções um pouco mais independentes, trazem espectadores preocupados com o conteúdo do filme, e não com as tecnologias das salas de exibição. "O frequentador, nesse caso, vê o filme como uma forma de adquirir cultura e não como um simples entretenimento", afirma Stefani. Por isso tais cinemas oferecem transformações urbanas mais intensas, sólidas e perceptíveis do que os multiplex.

fonte: FolhaOnline & Época

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