Então

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A casa da saudade chama-se memória



saudade


“A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração“  
(Henrique Maximiliano Coelho Neto)
A casa da saudade chama-se memória… Algumas vezes escolho ir até lá, mas em outras sou tragada, assustada, sem nem ao menos perceber, para dentro dela. Em algumas dessas visitas inusitadas estou num cômodo que rouba um sorriso dos meus lábios. Foi em fração de segundos que me descobri ali, experimentando uma sensação gostosa que rompe em riso e, no auge da alegria, faz brotar uma lágrima, motivando-me a celebrar a vida, escrevendo a alguém “só” pela gratidão de tê-lo em minha história. Outras vezes, o lugar que visito não é tão agradável… Ou o é, não sei… É estranho quando isso acontece, o coração aperta, revela a incerteza de como cheguei até lá, e não sei muito bem o que vou encontrar. Esse cômodo, por mais que tenha tanta vida e me brinde com doces bolhas de boas memórias, traz a certeza do nunca mais. É ai que as lágrimas se multiplicam e molham os lábios, que teimam em sorrir, ao olhar o bom que houve. Não é possível escrever com gratidão, restando uma oração silenciosa, que parece me transportar dali e me fazer descansar em paz. Celebrar a vida, dessa vez, é perseguir o exemplo e fazer nascer sementes… Flores e frutos que não morrerão, já que a vida fala mais alto que a morte. Nesse entra e sai da memória, em que você não escolhe fato, momento, pessoa ou lugar, descobre-se, enfim, que a vida, a cada instante, deve ser celebrada. Aumentam-se, assim, os cômodos, eternizando aquilo que é precioso e mantendo aquecido e afinado o canto do coração.
   



Chopin - Valentina Igoshina - Fantasie Impromptu


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