Então

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pobre Jesus.


Bart Ehrman

Vamos entrar nesta Semana Santa com mais um livro do teólogo Bart Ehrman na lista dos best-sellers. O autor de Jesus, Interrupted (Jesus, Interrompido) responde minhas dúvidas e de milhões de outros cristãos e ex- cristãos frustrados pelos textos bíblicos.

Nascido no Kansas, Bart Ehrman, criado como protestante moderado, teve uma revelação na adolescência e se tornou um fundamentalista evangélico que acreditava na Bíblia como transcrição das palavras de Deus.

Aprendeu grego para ler os textos na linguagem mais próxima do original, estudou no Moody Bible Institute, no Colégio Evangélico de Wheaton e no Seminário Teológico de Princeton. Foi aí que teve outra revelação com a História Crítica da Bíblia.

Concluiu que a Bíblia não pode ser levada ao pé da letra, o alfabeto religioso e a matemática não batem. O resultado da soma dos quatro evangelhistas é inconsistente porque as narrativas de João, Marcos, Mateus e Lucas são diferentes e contraditórias.

Só em João, nos conta Ehrman, Jesus assume que é uma divindade, filho de Deus, mas a questão da Divina Trindade só aparece nos textos gregos depois do século 9 e até hoje é mal processada por uma religião que pretende ser monoteísta. Afinal, Deus é o Pai, o Filho ou é o Espirito Santo?

O novo testamento foi reescrito e reeditado por diferentes escribas. Entre várias alterações, Jesus nunca contou a parábola da primeira pedra na prostituta e nem sempre sua redação, João e companhia, entenderam as histórias do mestre. Cada um interpretava a maneira dele e passava adiante. Hoje, padres e pastores, reinterpretam como querem no sermão e nenhum se dá ao trabalho de explicar que há controvérsias sobre o texto.

Bart Ehrman começou a apontar contradições na Bíblia há mais de dez anos e publicou outro best-seller em 2006, Misquoting Jesus, the Story Behind Who Changed the Bible and Why. Ele dirige o Departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, mas não se alinha com o famoso trio de ateus, Christopher Hitchens, Richard Dawkins e Sam Harris. Ehrman se define como um agnóstico feliz. Acredita que Jesus existiu e foi um dos homens mais importantes e distorcidos da história.

O censo americano não pergunta sobre religião, mas a maior pesquisa feita nos últimos anos, pelo Pew Forum on Religion and Public Life, com 35 mil entrevistados, revelou esta semana que um em cada cinco adultos americanos um não tem filiação religiosa. O número dobrou desde 1980. A católica e as protestante foram as que mais perderam fiéis. Pobre Jesus.

Lucas Mendes

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