Então

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Violeta Parra



A música que ouvimos é nossa?
Será que a música que toca nas rádios, e, que o povo Latino Americano ouve, é o que melhor o representa? Ou é um pacote da industria internacional ? Na verdade acho; ou melhor; tenho a certeza que ela é vendida como uma mercadoria , é, e tem sido assim a muito tempo. Todos coletivamente estamos nos imbecializando. Porque a industria musical, não nos permitem reconhecer a nossa cultura. Ouvi uma vez a frase que diz: “A gente só ama o que conhece”.
As rádios não tem espaço para a música genuína , a nossa música de raiz, e infelizmente nas regiões mais ricas se vê este fenômeno ainda muito mais forte. Fomos invadidos por um tsunami de música estrangeira da pior qualidade, que ofuscou a cultura popular de todos os países da América Latina .
E foi assim ontem, como é hoje. Neste panorama surgiu esta chilena :Violeta Parra, e o Movimento Nova Canção no Chile. Violeta Parra dedicou-se a pesquisa do folclore, revelando um universo até então desconhecido pelos folcloristas mais tradicionais.
Ataualpa Yupanqui, em carta enviada a sua esposa Nenete afirma: “Uma canção, um poema,uma história , não serve para nada senão é a canção,o poema, a história nos quais todo um povo, ou um setor importante do povo se veja refletido”



* San Carlos, Chile – 4 de outubro de 1917 d.C
+ Santiago do Chile, Chile – 5 de fevereiro de 1967 d.C
Folclorista, tapeceira, pintora e ceramista.



Violeta del Carmen Parra Sandoval nasceu em São Carlos, a 4 de outubro de 1917, em uma modesta casa na rua Robles, 531, em São Carlos, Estado de Ñuble, na região de Chillán, ao sul do Chile. Seu pai, Nicanor Parra era professor primário de música, folclorista da região, e sua mãe, Clarisa Sandoval Navarrete, uma camponesa que cantava e tocava violão. Foram nove irmãos que viveram sua infância no campo. Dos seus oito irmãos, Nicanor (o primogênito) foi poeta. Teve ainda dois meio-irmãos, filhos do casamento anterior de sua mãe com um primo, de quem enviuvara


Casa onde nasceu Violeta Parra

Considerada a mais importante folclorista daquele país e fundadora da música popular chilena.
Realizou seus estudos escolares até o segundo ano do secundário, abandonando-os em 1934, para trabalhar e cantar com seus irmãos em bares e circos, desenvolvendo uma importante carreira musical, que se originou de maneira autodidata, a partir dos 9 anos.

Em 1938, Violeta casa-se com Luis Cereceda, maquinista ferroviário e militante do
Partido Comunista chileno, e tem dois filhos: Isabel e Ángel, que seguem os mesmos
passos da mãe. Nessa época, Violeta cantava num restaurante chamado No me olvides, em Llay-Llay, na Quinta Región. Na rotina diária, tinha o perfil de mãe e esposa dedicada, e muito hábil na cozinha – como toda mulher camponesa. Além disso, madrugava escrevendo poesias que fluíam naturalmente.

Esse casamento, porém, dura apenas dez anos.A própria Violeta, em suas Décimas autobiográficas, escreve sobre o casamento e a separação:

Anoto en mi triste diario:
Restaurán el Tordo Azul;
allí conocí a un gandul
de profesión ferroviario;
me jura por el rosário
casório y amor eterno;
me llega muy dulce y tierno
atá’ con una libreta
y condenó a la Violeta
por diez años de infierno.
[...]
A los diez años cumplí’os
por fin se corta la guincha,
tres vueltas daba la cincha
al pobre esqueleto mío,
y p’a salvar el sentí’o
volví a tomar la guitarra;
con fuerza Violeta Parra
y al hombro con dos chiquillos
se fue para Maitencillo
a cortarse las amarras.(PARRA, Violeta

Viveu em Valparaíso entre 1943 e 1945, e voltou a Santiago, para cantar junto com seus filhos.
Em 1949 casa-se pela segunda vez, agora com Luis Arce, que também tinha muitas afinidades com o mundo das artes,e tem duas filhas dessa nova união.
Em 1952 começou a pesquisar as raízes folclóricas chilenas e compôs os primeiros temas musicais que a fariam famosa.
Em 1954, ano em que nasceu sua filha Rosita Clara, Violeta apresentava programa na Radio Chilena. Esse programa alcançou grande popularidade, chegando ao primeiro lugar na preferência nacional (NAVARRETE, 2005). Nesse mesmo ano, Pablo Neruda dedica a Violeta Parra um poema, confirmando a importância de sua obra na histórica da cultura chilena.
Em 1954, começou um rigoroso estudo das manifestações artísticas populares.
Durante o ano de 1955 visitou a União Soviética, Londres e Paris, cidade onde residiu por dois anos.
Realizou gravações para a BBC e os selos Odeón e “Chant du Monde”.
Um ano e meio de separação e as conseqüências da morte de Rosita Clara,afetando diretamente a relação conjugal, o segundo casamento também fracassa.
Violeta volta ao Chile no final de 1956, para junto de seus filhos.

Em 1957 radicou-se em Concepción, voltando a Santiago no ano seguinte para começar sua produção plástica. Percorreu todo o país, recopilando e difundindo informações sobre o folclore.
No ano de 1959, uma enfermidade a deixou de cama alguns meses e, por ordem médica, necessitava repouso absoluto, idéia intolerável para ela, motivo pelo qual deu início à arte do bordado, da pintura e da cerâmica. Ela mesma fala como teve a primeira inspiração para a arte do bordado e tapeçaria.Nessa ocasião, aprende com a amiga Teresa Vicuña – famosa na época – a arte da cerâmica.

Em 5 de outubro de 1960, dia em que completava 43 anos, Violeta conheceu Gilbert Favré, um antropólogo suíço interessado em folclore, com quem viveu e compartilhou intensamente sua paixão pela cultura, pela arte poética e pela música, até pouco tempo antes de morrer.
Em 1961 mudou-se para a Argentina, onde fez grande sucesso com suas apresentações.

Violeta Parra e Isabel Parra

Las niñas que están bailando la cueca son Tita Parra y su tía Carmen Luisa, hijita menor de Violeta.

Voltou a Paris e ali permaneceu por três anos, percorrendo várias cidades da Europa, destacando-se suas visitas a Genebra.

Em 1964, depois de várias tentativas e três meses de preparação, expõe no Museu do Louvre, inaugurando a exposição no dia dezoito de abril encerrando em onze de maio. Foi a primeira vez que um artista latino-americano expõe nesse museu. Uma façanha histórica.





Em 1965 voltou ao Chile, viajou para a Bolívia e ao regressar a seu país, instalou uma grande tenda na comuna de La Piroka, com o plano de convertê-la em um centro de referência para a cultura folclórica do Chile, juntamente com os filhos, Ángel e Isabel, e os folcloristas Patricio Manns, Rolando Alarcón e Víctor Jara, entre outros.
No entanto, a iniciativa não obteve sucesso.Em janeiro de 1966, separada de Gilbert, que não mais suportou seu humor instável e exigências, Violeta tenta o suicídio.

Emocionalmente abatida pelo fracasso do empreendimento e pelo dramático final de um relacionamento amoroso, Violeta Parra suicidou-se em 5 de fevereiro de 1967, na tenda de La Reina.
Segundo Sáez, sempre que, em reuniões de amigos, se questionava sobre o tema da morte, Violeta repetia:
"Uno tiene que decidir su muerte, ¡mandarla! No que La muerte venga
a uno."
E cumpriu, pois, o que para ela era uma “máxima”.


Violeta Parra pode ser considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados, tendo sido autora de páginas inapagáveis, como a
canção “Volver a los 17″, que mereceu uma antológica gravação de Milton Nascimento e Mercedes Sosa.



Outra de suas canções, “La Carta”, cantada em momentos de enorme comoção revolucionária, nas barricadas e nas ocupações, tem entre os seus versos o que diz ” Os famintos pedem pão; chumbo lhes dá a polícia”.



Mas suas canções não apenas são marcadas por versos demolidores contra toda a injustiça social.

O lirismo dos versos de canções como “Gracias a la vida”



(gravada por Elis Regina) embalou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos em momentos em que a vida era questionada nos seus limites mais básicos, assim como a letra comovedora de “Rin de Angelito”, quando descreve a morte de um bebê pobre: ” No seu bercinho de terra um sino vai te embalar, enquanto a chuva te limpará a carinha na manhã”.



Estudar o contexto, opercurso histórico e social de um povo, estudar principalmente seu discurso e suas produções culturais, como fez Violeta Parra é, antes de tudo construir novos e importantes saberes, que podem ser devolvidos ao povo ou transmitidos a outros povos, a fim de que se preserve suas raízes históricas e identitárias

6 comentários:

Anônimo disse...

Não conhecia a vida de Violeta Parra. triste. Bj. Denise

Anônimo disse...

Uma grande mulher! Com certeza um ser intenso e atormentado. Gracias a la vida! PC Abreu

Anônimo disse...

Triste e interessante a vida de Violeta Parra, a quem ja muito admirava desde a gravacao de Volver a los Dezessiete na voz fantastica de Milton Nascimento, na parceria de Mercedes Sosa. A partir de agora muito mais fascinada por sua trajetoria humana nao so artisitica!!!

anagubert disse...

Ana Gubert de Rondônia

munca vi tanta genialidade e a simplicidade de falar de Violeta Parra. Cara Tuka o seu blog foi uma descoberta ou melhor um achado você não tem noção o quanto a sua fala ecoa ... continue o mundo precisa de pessoas como vc para serem eternizadas.

anagubert disse...

Ana Gubert de Rondônia

munca vi tanta genialidade e a simplicidade de falar de Violeta Parra. Cara Tuka o seu blog foi uma descoberta ou melhor um achado você não tem noção o quanto a sua fala ecoa ... continue o mundo precisa de pessoas como vc para serem eternizadas.

anagubert disse...

Ana Gubert de Rondônia

munca vi tanta genialidade e a simplicidade de falar de Violeta Parra. Cara Tuka o seu blog foi uma descoberta ou melhor um achado você não tem noção o quanto a sua fala ecoa ... continue o mundo precisa de pessoas como vc para serem eternizadas.