Então

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Todo Cambia

Duerme Negrito - Mercedes Sosa




Já dizia a minha avó: “a idade chega pra todo mundo“ nossa e quando chega, é sem dó nem piedade. Quando a gente tem 10,14, 18 anos, acha que 35, 45, 55 é uma realidade tão distante que nunca se concretizará e que, no dia em que ela chegar, estamos, de fato, maduras pra não dizer velhas, porque velhas nunca, quem sabe antigas.
Hoje, entretanto, estou lá, mas não é lá que me sinto, sinto-me a mesma “menina”, guardo em mim a sensação de ser, ainda, jovem.
Mas a idade é cruel e como ela, vem as perdas, as perdas das pessoas que nos servem de espelho. Que durante toda a vida nos mostraram o que é realmente importante .
Hoje estou particularmente triste, com a morte da Negrita, nossa amada Mercedes Sosa, lembro quando tinha só 13 para 14 anos, e os tempos estavam difíceis para toda a América Latina, mais eu como a maioria das meninas desta idade, só prestava a atenção no meu nariz. Até ouvir pela primeira vez, trazida pela minha irmã Denise e meu cunhado Fábio um disco da Mercedes Sosa ,( nossa !me lembro bem, foram-se tantos anos.) os dois chegando com aquela bolachona na mão, animados com a descoberta da cantora Argentina. Todos nos reunimos na pequena sala de casa , (ali escutávamos muita musica) e a Denise foi logo colocar o disco, e ai, foi para mim um momento de tanta ternura, lembro bem que senti uma sensação de proteção confundida com dor, ( como um som tão singelo nos faz sentir dor?) a musica era Duerme Negrito, aquela voz doce da cantora que para mim era totalmente desconhecida. Canção após canção, mais eu me deliciava. E assim foi durante toda a tarde escutando esta mulher cantora, que hoje a chamo com carinho de Negrita Hermosa.

Obrigada, minha querida Denise, meu querido Fábio por me apresentarem esta Diva, e com ela a Conciência coletiva.

Te mando un beso Mercedes.

Todo Cambia - Mercedes Sosa



poesía do chileno Julio Numhauser


- A Canção Duerme Negrito provem da fronteira entre Venezuela e Colômbia, zona cafeeira ; pertencente aos escravos, popularizada por Atahualpa Yupanqui.

4 comentários:

Anônimo disse...

texto sensível e belo. ontem quando escutei Mercedes cantando Alfonsina chorei. hoje lendo seu texto também chorei. pensei então, não devemos ter vergonha de chorar, pelo contrário, de agora em diante quando acontecer vou ficar feliz por ainda ter condição de me emocionar e celebrar a implicação com as coisas que fazem sentido para mim. te gosto muito, beijos, tua irmã e amiga, Denise

Anônimo disse...

Que Deus a tenha, Obrigado a ti por essa musica maravilhosa!!!
Sandra RS

Anônimo disse...

la Negra nos enseñó a mirar más allá de nuestras fronteras y siempre cantó a este inmenso pedazo de tierra que le llamamos
Continente Américano, a su gente, a su cultura, a sus tristezas y sus alegrías. Siempre llevando la voz de los sin voz, sin importar quienes sean.
Viva América humana

Jorge Antonio Barros disse...

Que texto maravilhoso sobre a descoberta de Mercedes. Um brinde à blogueira Tuka. Vida longa ao Botequim Tuita Joaquim.

Jorge