Então

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Voltaire: sobre o fanatismo


Salvador Dali

Voltaire: sobre o fanatismo

Entende-se hoje por fanatismo uma loucura religiosa, sombria e cruel. É uma doença do espírito que se pega como a varíola. Os livros a comunicam bem menos que as assembleias e os discursos. Raramente alguém se excita ao ler, pois então pode ter o senso ponderado. Mas quando um homem ardente e de uma imaginação forte fala a imaginações fracas, seus olhos estão em fogo e esse fogo se comunica: seus tons, seus gestos abalam todos os nervos dos auditores. Ele grita: Deus te olha, sacrifica o que é apenas humano: combate os combates do senhor [lê-se na Bíblia: proeliare bella Domini (I. Reg. XVIII, 17)]: e vai-se combater.
O fanatismo está para a superstição como o delírio para a febre, como a fúria para a cólera.
Aquele que tem êxtases e visões, e que toma os sonhos por realidades, e suas imaginações por profecias é um fanático noviço que dá grandes esperanças: poderá em breve matar pelo amor de Deus.


De: VOLTAIRE. "Fanatisme". In: Dictionnaire de la pensée de Voltaire par lui même. Paris: Éditions complexe, 1994.

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