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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Marcha da Família com Deus pela Liberdade


As Reformas de Base, anunciadas por João Goulart, não foram bem aceitas por todos os setores da sociedade.Os ruídos sobre uma possível debandada socialistas se espalhavam pelo Brasil, levantando a desconfiança, principalmente da classe média/alta, receosa dos efeitos que esse tipo de política poderia exercer sobre seus interesses.




A Marcha da Família com Deus pela liberdade demonstrou a organização e união da classe média com as “forças reacionárias” contra o governo de Jango. A Marcha foi organizada após o comício de 13 de Março de 1964, quando o presidente proferiu um longo discurso, no qual anunciava o início das reformas, que incluiriam a reforma agrária e urbana, além lançar frases de efeito como “os rosários da fé não podiam ser levantados contra o povo”. Essa frase fazia referência ao episódio no qual um grupo de mulheres com rosários nas mãos impedira Brizola de discursar em Belo Horizonte, no início de março.
O deputado Cunho Bueno e o governo de São Paulo, com o apoio da União Cívica Feminina e da Campanha da Mulher pela Democracia, realizaram a Marcha em São Paulo, depois do sucesso do movimento em Belo Horizonte. No dia 29 de Março, mais de 500 mil pessoas se reuniram na Praça da República rumo a Praça da Sé, onde foi rezada uma missa “pela salvação da democracia”.




O padre norte-americano Patrick Peyton, responsável pelo braço religioso da conspiração dos EUA contra o governo de Jango e articulador da campanha “família que reza unida permanece unida”, também participou da marcha. Os articuladores do movimento sabiam que os militares só definiriam sua posição depois que houvesse uma manifestação pública que refletisse a insatisfação geral com o governo. Portanto, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade acabou representando o apoio de uma parte expressiva da população a uma intervenção militar, capaz de colocar um ponto final nos projetos audaciosos de João Goulart.


Uma curiosidade interessante é o fato das duas principais organizações que fomentaram o movimento, a União Cívica Feminina (UCF) e a Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), serem patrocinadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o Ipes. Essa instituição foi fundada por empresários paulistas e cariocas, em 1961, pouco tempo após a conturbada posse de Jango, sendo que seu presidente era o general Golbery do Couto e Silva, o que revela a interação dos militares a um movimento que era aparentemente civil.
 general Golbery do Couto e Silva

O Ipes recebeu, entre 1961 e 1964, um exorbitante verba de empresários empenhados em acabar com o governo de Jango. Investigações particulares foram realizadas, para criar um sistema de monitoramento de informações, identificando quem seria os parceiros e simpatizantes do governo. Foi também o General Golbery responsável por estabelecer relações entre o Ipes e a Escola Superior de Guerra, na qual surgira a doutrina de que para o progresso do Brasil era importante focar a “segurança”, defendendo a concentração de renda e o arrocho salarial como forma de expansão da economia brasileira.


Escola Superior de Guerra do R.J.
O que podemos concluir é que o Golpe Militar de 1964 foi gerido de forma obscura, com a articulação de interesses civis e militares, sob a custódia do general Golbery. Uma considerável parte da população reagiu de forma positiva ao golpe por entender que os militares estavam preparados para garantir a segurança e a estabilidade do país. A Marcha da Família com Deus Pela Liberdade que reuniu milhões de pessoas no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo validou a intervenção militar, sendo a última vez por longas décadas que se seguiram, que as pessoas puderam sair as ruas livremente para expressar suas vontades políticas.

fonte: HISTORIATIVA 

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