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Fonte: YouTube-brunafonte
Nota do Instituto Vladimir Herzog - Reportagem Folha de S.Paulo
O Instituto Vladimir Herzog congratula-se com a Folha de S.Paulo pela reportagem O Instante Decisivo, de autoria do repórter Lucas Ferraz, publicada no dia 5 de Fevereiro último, em que o sr. Silvaldo Leung Vieira admite ter sido quem fotografou o corpo do jornalista Vladimir Herzog, com os joelhos dobrados e apoiados sobre o solo, tendo uma corda envolvendo seu pescoço e presa a uma janela. A foto foi feita em 25 de Outubro de 1975, numa cela do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), notório órgão de repressão política da ditadura que dominava o Brasil na época.
Essa documentação fotográfica da farsa montada nos porões do totalitarismo se destinava claramente a coonestar a versão formalizada em nota oficial pela ditadura, no sentido de que Vlado – como era conhecido pelos amigos – se suicidara. Em conseqüência de processo movido pela viúva Clarice Herzog, tal versão foi posteriormente desmentida pela Justiça e pelo governo brasileiros, que reconheceram ter o jornalista sido torturado e assassinado pelos esbirros que povoavam os cárceres da ditadura. Vlado foi o 38º preso político cuja morte foi oficialmente classificada como suicídio – forma usual de disfarce para o que não passava de assassinato.
Mas a publicação, agora, dessa reportagem se torna extremamente oportuna logo após a sanção, pela Presidência da República, da Lei de Acesso a Informações Públicas e dá renovada urgência à necessidade de implantação e ativação da Comissão da Verdade, com a nomeação de seus membros pela presidenta Dilma Rousseff.
Dedicado à luta pelos direitos humanos à vida e à justiça, o Instituto Vladimir Herzog acredita que uma das primeiras missões dessa Comissão deveria ser a de inquirir o sr. Silvaldo Leung Vieira, com total transparência e isenção, para que ele esclareça pormenorizadamente as circunstâncias em que realizou a foto em questão, de forma a permitir o aprofundamento e ampliação da investigação.
Segundo ele, na condição de fotógrafo da Polícia Civil de São Paulo, recebeu ordem para fazer esse trabalho por requisição do DOPS-Departamento de Ordem Política e Social. Mas quem lhe teria dado essa ordem? Em outras palavras, quem era seu chefe? E quem eram os outros 23 fotógrafos que, segundo ele, foram aprovados no concurso que selecionou esses profissionais para trabalhar na Polícia Civil? O que eles fotografavam, por ordens de quem e o que mais faziam? Por que agora, 36 anos mais tarde, ele resolve se expor publicamente e contar sua história? Que outras pessoas o conheceram na época em que aqueles fatos ocorreram? E muitas outras perguntas.
Tudo isso e mais, acreditamos, deve ser investigado, de forma sábia, objetiva e desapaixonada – mas esclarecedora – pela Comissão da Verdade.
São Paulo, 7 de Fevereiro, 2012
2 comentários:
No dia da morte do jornalista Vladimir Herzog eu morava em São Paulo, fazia o último ano na FADUSP e estagiava num escritório de advocacia. No dia do culto em sua homenagem fúnebre, a polícia desviou o trânsito e quase todas as audiências no Fórum João Mendes foram adiadas, porque os advogados ali não puderam chegar. Dentro da Sé, o silêncio era o maior protesto. Ali se iniciou o fim da ditadura militar.
O cineasta João Batista de Andrade afirma que o filme é uma dívida, "um filme que deveria ter sido feito há muito tempo".
Longe de ser panfletário, o cineasta faz um registro emocionado de um homem que representou muito não só para a imprensa brasileira - foi diretor de jornalismo de TV Cultura, editor de cultura da revista Visão, entre outros trabalhos -, como também para o fim da ditadura militar no Brasil.
Documentário que resgata a trajetória de Vladimir Herzog. http://baixandonafaixa.blogspot.com.br/2010/08/documentario-vlado-30-anos-depois.html
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