Discover Altamiro Carrilho!
Discover Trio Parada Dura!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_90hRtOYxqHl6qTYVbk4R1cvFX9PZ6hs4MMpIryt_Gz-HyMI0FxJ0nySXno0w1wVOUyoIdpPG74oDxNk2S-14dbs5tMpNmk8kU6p1TTDkndyZpqEKXjo9jEQl4gWGeaCtFMR3dxJ-61A/s400/A%2520Primavera.jpg)
Olá Primavera.
Será que vamos ter uma Primavera diferente daquela que as crianças vêem?
Como são coloridos os desenhos infantis.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhErUX_WzWJvCtQfbGO-8Mz7lHlr546g8ZAOhx460-yxXDzMAYopHd0RkOI9BnsC0QaLrD3djbLkc2PAV6jXJTCbwHHTG2JlOProc5Eq60A-DhOIerzJqTK0C5k46DB9bD5jVl9rOLnGB8/s400/a%2520primavera-tiago-andreia-bruno.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4jE4L3QV0QP5DDbm9oEVAYhtDw46fXJ21MRkS-oQG91cVsdxnKq0RUTpTjS7vBv25O5kVNgxYI0zBq-iw67XX_XLyqeFYauiGHrIwmIDeQ0mp_aHm71p-Wc9gvTw7_SLgTAX-Ap5lu2c/s400/primavera.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLosoF-xRYTXDZ1ZQWA1i1D1EcOTZtwVMUzNZy83ssVeq75hAb80rcVBXGuxyMPgbBZKT2EgKFlHL9kBvrcx5uX3h9vUr22ux-v8ZAdqAI6OII0-f1cIn9EsluVC8upEj1-jOAkc3suEI/s400/primavera3.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIbJSbDIlgZNZPmwOaC827IEq2x6Z709Ic6DjgZMxTtHJo_Qfd6-xlM9N_MrDHpL1KLVsu74Xu7I1O7EmYNBzPCfctkXLyRAJczAnB24nD_Iy2ZyxhWd6q_CZVLHUypEhXswDWh2dLuwg/s400/I_primavera_1.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi57-2quRYtmcZ5jRDgO2qhAiCj6Rhm8H5xa1RVVGkgau29MTpkUH626RKYQCTnZ5kzIEzbQirYWDMDU5JG7BZT-mR8KpzaiiXocfDIKmd3w45GFJCNYlE8zEyGTTfHWyDmnm-EUJuCklU/s400/composicoes_primavera2.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv-ymZCj8ws8CVu4SoCPp5ZR69j0BGoaoY9n4q0Jz9ThFf6K9vi9ixmwBSrWpbIneopzeDE4vMuyV46F3hDZ-FmZX2MOg0b5_08WxnE3zI7VsyLMZsvSnVlTUWnYWOIR4UK3N05-vHvfg/s400/primavera-raquel-4ano.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjToRGGO7HiH6TnkrKxnImB_YgwERwB8Kr8uGAjYmlib5VE4ET8HA2zqoZWGsXjGVpZkTb8L5Dh8KuUqZC27LEUYei8nCZ9l6OdAALzTn-QUuaFpgML2ncc_nidf96v4Gw9BLQNrUoMHg/s400/primavera.bmp)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEht7lakJvaAjEGM7-tKJhOeG9mcILJPhdjMvbv1T0vN20GdxexnGwuAC_xBx7gCW-8edpeFXwIEAXJP8D7EkMeYcdIFxk4lFAgJnDGhF-foBTVWuBmKS6cse3V7xDksfSA8m-9AeBSmOvA/s400/primavera4.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq8LIBUQy2QR2MPVBz2VAbgE5mN2KJNdooqfqjafmxeg-lhCOz-r7D_pXNQLyM2JfyvQv7ksen7OMKGgGPtkWIAQMeGDRDnCm1p4MISRtZQKmiFPQDnLnpwNQeQo6xbMqo4bH9uSgoXcY/s400/untitled5.bmp)
Primavera
Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro. Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal. O pai faleceu três meses antes do seu nascimento, e sua mãe quando ainda não tinha três anos. Criou-a, a partir de então, sua avó D. Jacinta Garcia Benevides. Escreveria mais tarde:
Nenhum comentário:
Postar um comentário