Então

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Saci



Saci (do tupi sa'sï, onomatopeia do pio do matinta-pereira) é um negrinho com uma só perna, de carapuça vermelha na cabeça, que lhe dá poderes miraculosos. Os elementos do saci e suas armas vêm de muitas paragens e são dos melhores tipos de convergência.
Os cronistas do Brasil colonial não o mencionam. Parece ter nascido no século XIX ou final do XVIII. É conhecido também por Matinta-pereira ou Maty.
Pode surgir como assombração ou visagem, assustando as pessoas. Às vezes torna-se mulher ou se transforma em passarinho assobiador (o saci original, também chamado matinta-pereira). Acredita-se que tenha por companheira uma velha índia ou uma negra mal-ajambrada, cujo assobio arremeda seu nome. É associado com os redemoinhos de vento, que seria uma de suas manifestações.
Amigo de fumar cachimbo, de entrançar as crinas dos animais, depois de extenuá-los em correrias durante a noite, anuncia-se pelo assobio persistente e misterioso, não-localizável e assombrador. Não atravessa água, assim como todos os encantados. Diverte-se criando dificuldades domésticas, apagando o fogo, queimando alimentos, espantando gado, espavorindo os viajantes nos caminhos solitários.

Dia do Saci no Brasil, comemorado no dia 31 de outubro, a fim de promover as figuras do folclore brasileiro, em contraposição ao Halloween. A data foi criada pelo governo do Brasil em 2005, de caráter nacional, elaborado pelo então líder do governo Aldo Rebelo (PCdoB – SP) e Ângela Guadagnin (PT – SP).


O Saci de Monteiro Lobato
O Saci que ilustrou a capa do inquérito de Lobato,de José  Wasth Rodrigues



A imagem atual do saci foi em boa parte definida pelo escritor Monteiro Lobato por ocasião do inquérito realizado em 1917 através do jornal O Estado de São Paulo, que recebeu o nome de “Mitologia Brasílica – Inquérito sobre o Saci-Pererê”. As cartas recebidas vieram de todo o país, mas principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Os depoimentos foram selecionados e reunidos pelo escritor em livro de 294 páginas e tiragem inicial de dois mil exemplares, publicado no ano seguinte: O Sacy-Perêrê – resultado de um inquerito. Lobato apresentou aos brasileiros um mito com características ora demoníacas, ora cruéis, perpassadas por manifestações de ironia, de deboche e até mesmo laivos de bondade.
José Wasth Rodrigues, autor do desenho do Saci que ilustra a capa, optou por apresentá-lo com chifres curvos, como um demônio. Na cabeça tem o gorro vermelho, olhos também vermelhos e a boca apresentando dentes serrilhados, ponteagudos, vampirescos, numa alusão provável ao hábito do Saci de sugar o sangue dos cavalos. Sua expressão pode ser interpretada como irônica, zombeteira, e até um pouco maléfica. Tem o corpo de adulto, com uma perna só. Os dedos dos pés são apresentados abertos, mais animalescos do que humanos. Também podem ter sido apresentados dessa forma pelo hábito de andar sempre descalço e por longas caminhadas, o que deforma os dedos, engrossando-os e aumentando o espaço de um para o outro. Numa das mãos carrega uma espécie de pau, uma possível arma com que desfere bordoadas tanto em pessoas como em animais. Na outra mão, prende o costumeiro cachimbo aceso, fumegante. Ao seu redor folhas e traços que dão a impressão de movimento circular, como nos rodamoinhos, e também simbolizando o corpo em movimento.
Saci, desenho a nanquim de Monteiro Lobato


Lobato voltou ao assunto na sua obra infantil no livro O Saci, publicado pela primeira vez em 1921, no qual recriou a personagem, suavizando-a. O saci apareceu então com estatura de criança e atitudes brincalhonas, travessas. A história narra desde a chegada de Pedrinho ao sítio, para passar as férias, seu encontro e aventuras com o Saci, até o encantamento de Narizinho, convertida em pedra pela Cuca, e o seu posterior desencantamento. Todos os episódios são mesclados pelo surgir de outros mitos folclóricos, acompanhados da respectiva explicação, muitas vezes pormenorizada pelo próprio Saci, que ocupa o papel de regente principal dos acontecimentos e de herói.
O processo de suavização da imagem do Saci-Pererê é iniciado por Monteiro Lobato no desenho a nanquim de sua autoria que retrata o capetinha numa versão de criança, sem chifres, sem o porrete e com expressão observadora, desconfiada. Não tem mais aquela aparência cruel ou ameaçadora. O pitinho permanece, e os pés adquirem o formato humano.
Além de recriar a personagem, Monteiro Lobato descreve-a, servindo-se do negro velho, Tio Barnabé, personagem do Sítio do Picapau Amarelo, conhecedor dos mistérios que cercam o homem rural. Tio Barnabé assim fala do Saci:
O Saci – começou ele – é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo mundo, armando reinações de toda sorte e atropelando quanta criatura existe... Azeda o leite, quebra a ponta das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa, queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas. Quando encontra um prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa. Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do Saci. Não contente com isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos no pasto, chupando o sangue deles. O Saci não faz maldade grande, mas não há maldade pequenina que não faça.
E segue sua narrativa, comentando o poder da carapuça vermelha, do hábito do cachimbo, das mãos furadas por onde passam pequenas brasas. Falou da maldade que é feita na crina dos cavalos e do costume vampiresco de sugar o sangue dos pobres animais. Para evitar isso, usa-se colocar um “bentinho” no pescoço dos mesmos, protegendo-os. Convém explicitar que os bentinhos são escapulários que contêm gravuras de santos, pedaços de tecidos ou orações com o poder de proteção, benzidos para dar virtude.


Por fim, ensina a Pedrinho como capturar um saci:
"Arranja-se uma peneira de cruzeta e fica-se esperando um dia de vento bem forte, em que haja rodamoinho de poeira e folhas secas. Chegada essa ocasião, vai-se com todo o cuidado para o rodamoinho e zás! – joga-se a peneira em cima. Em todos os rodamoinhos há saci dentro, porque fazer rodamoinhos é justamente a principal ocupação dos sacis neste mundo. Depois, se a peneira foi bem atirada e o saci ficou preso, é só dar um jeito de botar ele dentro de uma garrafa e arrolhar muito bem. Não esquecer de riscar uma cruzinha na rolha, porque o que prende o saci na garrafa não é a rolha e sim a cruzinha riscada nela."

fonte:Fantastipedia



quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Abertas inscrições para a 30ª Oficina de Música


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As inscrições para a 30ª Oficina de Música de Curitiba, que acontece de 8 a 28 de janeiro de 2012, já estão abertas e podem ser feitas até o dia 30 de novembro, no site www.oficinademusica.org.br. Pelo site, os interessados encontram todas as informações sobre o evento.  
Uma das marcas culturais da cidade, a Oficina de Música é promovida pelo Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC), por meio da Fundação Cultural de Curitiba, sendo um dos maiores eventos de música da América Latina.
A edição histórica da Oficina de Música de Curitiba, que alcança três décadas de sucesso, reafirma a importância da iniciativa. Criada em 1983 com a proposta de descobrir e formar novos talentos, em sua primeira edição ofereceu oito cursos e reuniu 200 alunos.
Com o passar do tempo, à música erudita juntaram-se os cursos de música antiga, Música Popular Brasileira, encontros de professores e simpósios, com uma programação que ganhou reconhecimento nacional e internacional, fazendo com que perto de 1,5 mil alunos disputem as vagas oferecidas. 
O evento ganhou mais uma prova de prestígio, quando o projeto da 30ª edição da Oficina de Música de Curitiba foi selecionado para receber o patrocínio do Programa Petrobras Cultural 2011. Entre 157 projetos de todo o país, inscritos na categoria “festivais de música”, o de Curitiba foi um dos 11 contemplados, sendo o único da Região Sul.
“Em 2012, a Oficina de Música proporcionará uma festa de brilho intenso, fazendo com que a música seja fator de alegria e interação”, destaca Roberta Storelli, presidente da Fundação Cultural de Curitiba.
Nesta edição, serão ofertados 84 cursos, divididos entre as fases de Música Erudita e Antiga e Música Popular Brasileira, que também contempla os núcleos de Música Latino-americana e de Música e Tecnologia.
Os interessados podem escolher entre 31 cursos de música erudita, dez de música antiga e 41 da fase popular, além dos cursos de musicalização infantil e construção de instrumentos com material reciclável, que acontecerão nas Regionais da cidade.
A taxa de inscrição varia de acordo com o número de cursos e a modalidade: R$ 100 (um curso), R$ 150 (dois cursos), R$ 180 (três ou mais cursos distribuídos nas duas fases), R$ 50 (minicursos), R$ 15 (Prática de Coro / adulto e infantil) e R$ 10 (cursos nas Regionais).
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Três décadas de sucesso – Realizada de forma ininterrupta desde 1983, a Oficina de Música de Curitiba chega a sua 30ª edição oferecendo à população uma programação artística e pedagógica de qualidade internacional. Serão 90 concertos, realizados em diferentes espaços para alcançar todos os públicos. Também será desenvolvido o programa Cidadania Musical, com apresentações em asilos, penitenciárias e hospitais, numa iniciativa que privilegia a inclusão social.   
Os cursos serão ministrados por 99 professores de todo o Brasil e de 18 países convidados. São 27 mestres estrangeiros, vindos de Portugal, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Polônia, Eslovênia, Luxemburgo,  Inglaterra, França, Itália, Rússia, África do Sul, Argentina, Chile, Uruguai, Panamá e Cuba.
Muitos desses professores integram instituições como Julliard School (EUA), Royal Academy e Guildhall School (Inglaterra), Schola Cantorum Basilensis e Tonhalle Orchestra (Suíça), Orquestra Filarmônica de Monte Carlo (Mônaco), Orquestra Calouste Gulbenkian (Portugal), Mahler Chamber Orchestra (Alemanha), Theatro Municipal de São Paulo e OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Outra novidade da 30ª Oficina de Música é a vinda do violinista Rodolfo Richter para dirigir o Núcleo de Música Antiga. Aluno das primeiras oficinas, Richter partiu para uma carreira internacional e vive há 14 anos em Londres, onde é professor da conceituada Royal College of Music. Solista e líder de diversas orquestras, tem se apresentado nas principais salas de concerto da Europa e dos Estados Unidos, além de gravar discos na sua especialidade, a música barroca.
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Linguagem universal – A 30ª Oficina de Música de Curitiba, que tem o patrocínio da Petrobras, será uma festa para aproximar países, pessoas, ideais e arte, tendo como denominador comum a linguagem universal da música.
“A programação preparada para comemorar a conquista de três décadas voltadas à formação e divulgação musical promete ser um presente para os curitibanos e a todos os participantes desse evento marcante”, destaca a oboísta Janete Andrade, que responde pela direção geral do evento e está ligada à Oficina desde sua criação, quando ainda frequentava os cursos como aluna.
A primeira fase da Oficina de Música de Curitiba, que tem como foco a música erudita, colocará em cartaz espetáculos com festejados instrumentistas, entre eles os violinistas David Lefevre (Canadá) e Nicolas Koeckert (Alemanha), o violoncelista Tomasz Zieba (Polônia), o trombonista Scott Hartmann (Estados Unidos), o flautista Carlo Jans (Luxemburgo) e o oboísta brasileiro radicado na Suíça, Isaac Duarte.
No núcleo de Música Antiga, destaque para o cravista e organista Lorenzo Ghielmi (Itália), a violoncelista Phoebe Carrai (Estados Unidos), o tenor Rodrigo dal Pozzo (Chile) e a flautista inglesa Rachel Brown.
Na segunda parte do evento, sob o domínio da música popular brasileira, shows com a cantora Ná Ozzeti, o pianista Gilson Peranzzetta, o guitarrista Victor Biglione, a percussionista Simone Soul e o clarinetista Gabriele Mirabassi (Itália). 
Do Núcleo Latino-americano, apresentações do panamenho Edwin Vasques e do cubano Julio Barreto, enquanto o Núcleo de Música e Tecnologia promove espetáculos do alemão Christian Lohr e do brasileiro André Abujamra, entre muitas outras atrações.
A agenda da Oficina de Música ainda oferece concertos da Camerata Antiqua de Curitiba, Orquestra Sinfônica do Paraná e Fry Street Quartet (EUA), além de recitais de música de câmara – com performances dos professores de música antiga – e apresentações do organista italiano Lorenzo Ghielmi. Para os amantes do canto lírico, a oportunidade de conferir  a produção da ópera “A Flauta Mágica”, de Wolfgang Amadeus Mozart, a cargo do Núcleo de Ópera Studio.
A música também invade a tela da Cinemateca de Curitiba, que exibirá uma programação especial sobre o tema. Nos parques e praças, música e responsabilidade ambiental se completam, em shows que contam com o plantio de árvores nativas, contribuindo para a neutralização da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) produzida no evento. A ação será realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
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Serviço: Inscrições para a 30ª Oficina de Música de Curitiba, que acontecerá de 8 a 28 de janeiro de 2012.Período de inscrições: 25 de outubro a 30 de novembro de 2011, no site www.oficinademusica.org.br
Valores: R$ 100 (um curso), R$ 150 (dois cursos), R$ 180 (três ou mais cursos distribuídos nas duas fases), R$ 50 (minicursos), R$ 15 (Prática de Coro / adulto e infantil) e R$ 10 (cursos nas Regionais).
Contato: oficinademusica@fcc.curitiba.pr.gov.br

Fotos: Luiz Costa/SMCS

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Documentário de Silvio Tendler mostra trajetória histórica de Tancredo Neves


O novo filme do documentarista Silvio Tendler, "Tancredo, a Travessia", retrata a biografia e a participação do ex-presidente na vida política nacional. Amigos e colaboradores relembram sua figura e o trágico episódio da doença que o impediu de tomar posse na Presidência, em 1985.

de agosto de 1954, que levou esse Presidente ao suicídio; Primeiro-Ministro em seguida à renúncia do Presidente Jânio Quadros, em 1961, e à crise da posse do Vice-Presidente João Goulart; e candidato a Presidente da República e Presidente eleito, em 1984 e 1985, com a missão de restabelecer o governo civil no Brasil.

O objetivo é resgatar a verdadeira história de Tancredo, o homem moderado, mas que durante a sua vida pública enfrentou com extraordinária coragem grandes desafios em momentos cruciais da história política do país. Graças a sua atuação firme e serena, ele viabilizou a restauração da legalidade constitucional no Brasil, depois de vinte anos de ditadura.

Tendler revisita diversas páginas da história do Brasil que contaram com a decisiva intervenção do hábil político mineiro, tais como suas gestões para permitir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros; as ligações com Getúlio Vargas; seu trânsito junto ao marechal Humberto de Alencar Castello Branco, o primeiro presidente militar; a tarefa de organizar a oposição ao regime militar, como um dos fundadores do MDB, e como um dos participantes da Campanha das Diretas, ao lado de Ulysses Guimarães.




fonte:Redação SRZD

domingo, 16 de outubro de 2011

Clarice Lispector





"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."





"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"





Clarice Lispector (Tchetchelnik Ucrânia 1925 - Rio de Janeiro RJ 1977) passou a infância em Recife e em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em direito. Estreou na literatura ainda muito jovem com o romance Perto do Coração Selvagem (1943), que teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro. Entre suas obras mais importantes estão as reuniões de contos A Legião Estrangeira (1964) e Laços de Família (1972) e os romances A Paixão Segundo G.H. (1964) e A Hora da Estrela (1977).

Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora também foi cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume A Descoberta do Mundo.

Escreve a crítica francesa Hélène Cixous: "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. (...). É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde fôlego, ela continua, mais longe ainda, mais longe do que todo o saber".



fonte:Pensador





sábado, 15 de outubro de 2011

Verdades da Profissão de Professor




"Verdades da Profissão de Professor
Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda." Paulo Freire



quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Definições Infantis


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Paciência é uma coisa que mamãe perde sempre

Cobra é um bicho que só tem rabo

Relâmpago é um barulho rabiscando o céu

Alegria é um palhacinho no coração da gente

Sono é a saudade de dormir

Avestruz é a girafa dos passarinhos

Palhaço é um homem todo pintado de piada

Chope é o refrigerante do adulto

Deserto é uma floresta sem árvores

Calcanhar é o queixo do pé

Felicidade é uma palavra que tem música

Vento é o ar com muita pressa

Helicóptero é um carro com ventilador em cima

Rede é uma porção de buracos amarrados com barbante

Esperança é um pedaço da gente que sabe que vai dar certo

fonte "Dicionário de Humor Infantil", coletãnia de definiçõea espontâneas e achados poéticos de crianças entre 3 e 11 anos de idade, compilada por Pedro Bloch




terça-feira, 11 de outubro de 2011

Relampiano



Lenine e Paulinho Moska

Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal...
Todo dia é dia
Toda hora é hora
Neném não demora
Prá se levantar...
Mãe lavando roupa
Pai já foi embora
E o caçula chora
Prá se acostumar
Com a vida lá de fora
Do barraco...
Hai que endurecer
Um coração tão fraco
Prá vencer o mêdo
Do trovão
Sua vida aponta
A contramão...
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal...
Tudo é tão normal
Todo tal e qual
Neném não tem hora
Prá ir se deitar...
Mãe passando roupa
Do pai de agora
De um outro caçula
Que ainda vai chegar...
É mais uma bôca
Dentro do barraco
Mais um quilo de farinha
Do mesmo saco
Para alimentar
Um novo João Ninguém
A cidade cresce junto
Com neném...(2x)
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém...
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal...


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ivan Lessa: Tranströmer inédito




Ivan Lessa


O recém-laureado com o Nobel de literatura, o poeta sueco Tomas Tranströmer, não tem livro editado no Brasil. Apenas um ou dois poemas figuram de antologias. Esta coluna tem o prazer e a honra de publicar alguns trechos de seus poemas não só apócrifos, inautênticos, falsos e, coroando tudo, inéditos, antes que as editoras, em sua louca corrida para traduzir e editar o que puder do ilustre vate escandinavo, o façam.

Os postes

Distantes e altivos, parecem contemplar
o sul do infinito. São estalagmites da Terra
pedindo perdão para os homens.

Aves ao Anoitecer

Voam para onde esses pássaros?
Para quê? De onde vieram?
Seus bicos calam segredos.
Sus! Voltem logo para me dizer de Deus.

Flor rancorosa

Os dentes desta begônia são
afiados e letais como a alma
de certas mulheres.

Na caverna

Faz escuro na caverna. Eis
um morcego. Ele busca o sol.
Coitado. Além do mais cego.

Um petroleiro

Como a cobra ao deixar
o rio, ele deixa atrás de si
o rastro de motores a sufocar gafanhotos
e louva-a-deuses

O ornitorrinco

Vez por outra Deus pede
licença à natureza e
faz uma piada.

Haicai triste

Outono. Sob uma cerejeira a morrer
Chiu-fui-san compõe seu haicai para
a estação. Três versos soluçando.
Cinco lágrimas, sete lágrimas, cinco lágrimas
De novo.
fonte BBC

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Poeta sueco Tranströmer ganha Nobel de Literatura


Transtörmer publicou seu primeiro livro, '17 Poemas' em 1954 - Jessica Gow/Reuters
Transtörmer publicou seu primeiro livro, '17 Poemas' em 1954

Autor publicou seu primeiro livro em 1954 e sua obra já foi traduzida em mais de 60 línguas

O poeta sueco Tomas Tranströmer foi agraciado nesta quinta-feira com o Nobel de Literatura. Nascido em 1931, Tranströmer também é tradutor. A Academia Sueca afirmou em seu site que o poeta de 80 anos foi lembrado "porque, através de suas imagens condensadas, translúcidas, ele nos dá um novo acesso à realidade". O escritor sucede o peruano Mario Vargas Llosa, ganhador da honraria no ano passado.

A mãe de Tranströmer, Helmi, era professora de uma escola e o pai, Gösta Tranströmer, um jornalista. O escritor cursou estudos em História da Literatura, Poética, História da Religião e Psicologia na Universidade de Estocolmo, adquirindo o título de bacharel em Artes, informa a academia em comunicado. Chegou a trabalhar como psicólogo em um instituto correcional para jovens.
A academia lembra no comunicado sobre o autor publicado no site da instituição que, em 1990, Tranströmer sofreu um derrame que o deixou com bastante dificuldade de falar.
Após veicular poemas em vários jornais, Tranströmer publicou em 1954 o livro "17 poemas". Com suas seletas de poesias posteriores, foi consolidando o nome como um dos principais poetas da atualidade, aponta a academia em seu comunicado. A entidade destacou que a maior parte da poesia do sueco se caracteriza pela economia, pela concretude e por metáforas pungentes. O autor já foi traduzido em mais de sessenta línguas, e periodicamente elabora ele mesmo versões de seus poemas em outras línguas, lembrou a academia. 
foto: porJessica Gow/Reuters
(Equipe AE) 
Tomas Transtromer, Prémio Nobel da Literatura [Foto: Reuters]
foto:Reuters
Tomas Tranströmer ou a fascinação da inanidade

Tranströmer inicia-se na poesia com 23 anos de idade. O seu primeiro livro traz o título 17 dikter (17 poemas). A maior parte da obra é escrita em verso livre, embora também tenha experimentado com a linguagem métrica. Na sua escrita nota-se, por vezes, uma certa disciplina horaciana. Como podemos ler no livro de memórias, Minnena ser mig (as recordações vêm-me):
Horácio era para mim como um contemporâneo; era como um René Char, um Oskar Loerke ou um Einar Malm.

Em 1990 foi vítima de um derrame cerebral que lhe afectou a capacidade de falar. No entanto recuperou a saúde de novo. Anos depois sofre uma série de derrames cerebrais. Desde então escreve sob grandes dificuldades. Impedido de escrever por mão própria, é a sua esposa que vai apontando os seus poemas (isto por meio de um processo muito complicado, pois Tranströmer só consegue dizer sim e não), cada vez mais raros e lacónicos, mas nem por isso de menor qualidade. A sua originalidade e magia residem exactamente nessa fantástica capacidade de, num punhado de vocábulos, ser capaz de exprimir aquilo para o qual muitos escritores precisam de cem:
E o que era “eu”
É uma simples palavra
Na boca das trevas de Dezembro
No poema “Em Março de 79”, que sublinha esta sua tendência  para o laconismo, podemos ler o seguinte:
Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.

Embora Tranströmer nunca tenha escrito textos teóricos acerca da sua poesia, podemos no entanto ver nestas palavras uma espécie de poema programático, ou seja, uma metapoética. Neste poema, como acabamos de ver, defende-se uma poesia do termo singelo e conciso, da pureza inicial, de uma linguagem para lá das palavras “muda”, muito próxima do Budismo Zen. O que interessa aqui não são as palavras em si, ou uma mensagem inteligível, mas sim a linguagem que advém dessas palavras e que se libertou de todos os condicionalismos usurários que elas lhe pudessem impor. Quer dizer as palavras despiram-se dos seus significados individuais para se transfigurarem num corpo unificado e vivo, ou seja, numa linguagem absoluta, que nos deixa compreender tudo para além de todo o entendimento.
Tranströmer aposta, assim, sobretudo, na intensidade e, a partir desta linguagem de imagens concentradas, fulgurante, a qual não precisa de muitas palavras, provoca no leitor uma sensação de deslumbramento e surpresa, que, em muitos casos, pode ser considerada fantástica e até mágica.Esta linguagem simples e clara, mas carregada de metáforas audazes, de uma imaginação fantástica e de uma imensa variedade de associações, possui, de facto, uma intensidade e uma força ao mesmo tempo telúricas e surreais. Vejamos um exemplo:
Encontro-me de pé sob um céu estrelado
E sinto como o mundo rasteja
no meu sobretudo, para fora e para dentro,
qual um formigueiro

Ainda que a lírica de Tomas Tranströmer possa, por vezes, à primeira vista, levar o leitor mais desprevenido a considerá-la uma lírica da natureza, dado que são constantes as referências a animais, objectos e fenómenos da natureza (a formiga vermelha, as tempestades, o mar, a floresta, as estações do ano, os campos etc. ) ela é, porém, muito mais do que isso. Ela não se constrói a partir de certos “acontecimentos“ que se efectuam na natureza, e que por isso são considerados, como acontece na Naturlyrik dos alemães, uma primeira base do ser, nem pretende descrever simples fenómenos da natureza. Através da observação do mundo físico o poeta vai-nos revelando a inanidade existencial: o invisível torna-se-nos acessível porquanto nos sentimos seduzidos pela magia das verdades ocultas e pelos segredos impenetráveis e por isso vazios. Este universo poético mantém-se sempre muito próximo da realidade do dia a dia, no entanto, como nos diz Harald Hartung no ensaio “Tomas Trantrömer: Der Kampf um den Namen”:
ele não é deste mundo, ele é antes um espaço imaginário que projecta uma luz fresca, mas intensa, sobre os objectos e os homens.

Esta poesia tem como peculiaridade o momento. Na maior parte dos poemas de Tranströmer, deparamos com a evocação de um momento, vivido ou imaginado, que nos é transmitido quase fotograficamente. No entanto este momento, que lhe provocou a necessidade de poetar, ou seja, que ele procurou fixar em palavras, e que à primeira vista pode parecer uma mimésis da realidade circundante, já nada tem a ver com aquilo que o poeta em determinado momento observou, viveu, ou mesmo sonhou.Ao ser integrado no corpo do poema por meio da palavra poética, o momento sofreu uma transmutação: ele tornou-se numa realidade autónoma, ele tornou-se como António Ramos Rosa diz num dos seus ensaios: “presença da ausência”. Por isso o poema transcende a fugacidade do momento, dando-lhe uma continuidade que o transgride e ultrapassa a simples experiência física e sensorial:
Fim de estação. Eu continuei a viagemPara além do fim da estação.
Quantos eram? Quatro,
Cinco, poucos mais.
Casas, caminhos, nuvens,
Enseadas azuis, montanhas
Abrem as suas portas

Como podemos ver, esta poesia é uma evocação do momento, único e irrepetível. O mundo natural, com todos os seus fenómenos inerentes, ao tornar-se palavra, torna-se numa nova realidade, uma realidade que se pode encontrar, por vezes, muito perto do delírio surrealista. Esta nova realidade já nada tem a ver com os fenómenos apreendidos pelo eu lírico. Dentro do poema ela transcende-se até à irracionalidade. Em torno de uma simples imagem, abrem-se ao leitor portas e portas: esta linguagem não precisa de uma interpretação, ela é a voz do silêncio, a voz do vazio total, do vazio do sujeito e das coisas, ponto de saída e ponto de encontro. Por isso a linguagem poética de Tranströmer aproxima-se bastante dos princípios do Budismo Zen. Vejamos a primeira quadra do poema “Adernagem da noite para o dia”:
Quieta, a formiga acorda, espreita para dentro do
nada. 
E para além das gotas da escura folhagem edo murmúrio nocturno, profundo no desfiladeiro do verão,
não se ouve mais nada.

Nestes quatro versos encontramo-nos perante uma atmosfera própria do Budismo Zen, ou seja, aqui tudo é silêncio e inanidade, aqui toda a vontade e cobiça foram abolidas, tudo comunga do nada, tudo se encontra imerso nesse nada. O próprio EU lírico abdicou da sua identidade e de toda a vontade. Ele já não é apenas um observador, ele é parte integrante deste momento-nada.

Frente à intensidade deste universo poético, o leitor não coloca questões. Ele vive a sensação do momento, a sensação electrizante desta linguagem, a sua magia toda poderosa, que se movimenta entre a frase lacónica, simples e clara e uma metafísica irracional. E o poeta, sabendo isto melhor do que ninguém, leva-nos a a participar deste momento único -  momento em que natureza, homem e cosmos, se unem sob a aliança do indizível, do silêncio do vazio-essência:
grande e vagaroso vento
da biblioteca do mar.
Aqui posso descansar.

FUNCHAL
[poema de Tomas Tranströmer]

O restaurante do peixe na praia, uma simples barraca, construída por náufragos.
Muitos, chegados à porta, voltam para trás,  mas não assim as rajadas de vento
do mar. Uma sombra encontra-se num cubículo fumarento e assa dois peixes, 
segundo uma antiga receita da Atlântida, pequenas explosões de alho.
O óleo flui sobre as rodelas do tomate. Cada dentada diz que o oceano nos quer
bem, um zunido das profundezas.
Ela e eu: olhamos um para o outro. Assim como se trepássemos as agrestes colinas floridas, sem qualquer cansaço. Encontramo-nos do lado dos animais, bem-vindos, não
envelhecemos. Mas já suportámos tantas coisas juntos, lembramo-nos disso,
horas em que também de pouco ou nada servíamos ( por exemplo, quando
esperávamos na bicha para doar o sangue saudável – ele tinha prescrito uma
transfusão). Acontecimentos, que nos podiam ter separado, se não nos tivéssemos
unido, e acontecimentos que, lado a lado, esquecemos – mas eles não nos esqueceram!
Eles tornaram-se pedras, pedras claras e escuras, pedras de um mosaico desordenado.
E agora aconteceu: os cacos voam todos na mesma direcção, o mosaico nasce.
Ele espera por nós. Do cimo da parede, ele  ilumina o quarto de hotel, um design,
violento e doce, talvez um rosto, não nos é possível compreender tudo, mesmo
quando tiramos as roupas.
Ao entardecer, saímos. A poderosa pata, azul escura, da meia ilha jaz,
expelida sobre o mar.  Embrenhamo-nos na multidão, somos empurrados
amigavelmente, suaves controlos, todos falam, fervorosos, na língua
estranha. “um homem não é uma ilhaPor meio deles fortalecemo-nos, mas
também por meio de nós mesmos. Por meio daquilo que existe em nós e que os
outros não conseguem ver. Aquela coisa  que só se consegue encontrar a ela
própria. O paradoxo interior, a flor da garagem, a válvula contra a boa escuridão.
Uma bebida que borbulha nos copos vazios. Um altifalante que propaga o silêncio.
Um atalho que, por detrás de cada passo, cresce e cresce. Um livro que só no escuro
se consegue ler. 

Luís Costa (Portugal, 1964). Poeta e ensaísta. Inédito em livro. A tradução do poema de Tomas Tranströmer, feita por Luís Costa, tomou por base a versão alemã, realizada por Hans Grössel e incluída em Der Mond und die Eiszeit (1992), antologia do poeta sueco.

fonte:Agulha Revista de Cultura

«Fico contente, porque ao menos o Prémio Nobel da Literatura foi dado a um poeta, porque a poesia é sempre o parente pobre da Literatura, é sempre o género invisível», declarou o autor da obra «Três minutos antes de a maré encher» ou o «Livro de maldições e pornografia erudita».Valter Hugo Mãe 
fonte:Tvi24