Então

sábado, 30 de julho de 2011

Amedeo Modigliani

Jeanne - Amedeo Modigliani







Foi como se tivesse vivido há muito tempo. Foi como se tivesse vivido muito tempo. Os dados que se têm de sua biografia mal dão conta do que foi a aventura de sua existência. A biografia não explica a obra que deixou. E a obra é irredutível a rótulos em termos de escolas e tendências. Por isso, poucos se arriscam a responder, além dos fatos conhecidos, à pergunta aparentemente retórica: quem foi Amedeo Modigliani?
Amedeo Modigliani nasceu a 12 de Julho 1884, em Livorno, na Toscana. Modigliani é uma cidadezinha ao sul de Roma de onde uma antiga família judaica tirou seu nome. O avô de Amedeo era um rico banqueiro, mas o pai Flaminio, não passava de um pequeno homem de negócio, às portas da ruína. A mãe Eugénie Garsin, descendia de uma família de judeus sefarditas estabelecida em Marselha, na França, cujas origens remontam ao filósofo Espinosa. Amedeo era o quarto filho do casal.
A figura materna representou, com certeza, papel importante na formação do menino, o último e mais frágil dos irmãos. Viva, decidida, culta, de mente aberta, Eugénie esforçou-se para que a educação de seus filhos vencesse as estreitas fronteiras da província. Giuseppe Emmanuele, o primogênito, viria a ser uma das personalidades marcantes do movimento socialista italiano. Deputado, escolherá o exílio quando os fascistas chegam ao poder.
Eugénie sentia uma ternura toda especial por Amedeo, nascido tardiamente e na pobreza. Ela se perguntava no seu diário: "Será ele um artista?" A pergunta tinha seus fundamentos. No liceu de Livorno, onde o garoto estudava, os professores percebiam sua inclinação pelo desenho. Freqüentemente, porém, faltava às aulas. Motivo: doença. Em 1895, com onze anos, contrai pleurisia. Em 1898, febre tifóide com complicações pulmonares. Ocupa o tempo de repouso com leituras escolhidas pela mãe: poesia clássica e moderna, ensaios ricos de máximas, aforismos e sentenças (que tanto gostaria de citar de memória em conversas nos cafés de Paris), textos de história da arte.
Curado do tifo, o jovem começa seu aprendizado em pintura. A mãe o confia a Micheli, um representante livornês dos Macchiaioli - grupo de artistas florentinos, cujo ideal era um pintura realista, com fortes contrastes de luz e sombra. Uma das telas do estudante Modigliani foi achada anos depoi: é o retrato de um adolescente sentado. Não há paisagem: apenas luz fria de um estúdio. Nada nesse trabalho sugere a presença de um futuro mestre. É somente o trabalho de um aprendiz bem comportado.
Em 1901, Amedeo sofre uma recaída. Está ameaçado de tuberculose, diagnostica o médico. É melhor que passe uns tempos em região de clima mais saudável, aconselha. Dias depois, em companhia da mãe, o jovem segue para Capri, no sul. Depois Nápoles, Roma, Florença. Sempre interessado em arte, não escapa à sedução de Florença, matriculando-se na Escola de Belas-Artes. O ano é 1902.
Naquela época, Florença não significava apenas artes plásticas. Era também um centro de inquietas discussões de filosofia e literatura. Os jovens sonhavam com a glória dos poemas de D'Annunzio e se torturavam coms os tormentos de Nietzsche. Pessimismo e violência compunhavam a um só tempo a perspectiva de seu horizonte. E tramavam a tragédia de seus destinos: vários deles morrerão antes dos trinta anos, por doença ou suicídio. Por enquanto, vivos e desesperados, são os príncipes da juventude de Modigliani. D'Annunzio é seu rei. O "super-homem" de Nietzsche, sua mitologia. A pintura ocupa então um lugar quase secundário na atividade de Modigliani, posta de parte pelas intermináveis discussões que movimentavam as inquietas noites florentinas. É possível que seu temperamento inquieto não se satisfizesse com as tímidas inovações dos Macchiaioli. Tanto assim que, em 1903, ele troca Florença por Veneza, em cuja Escola de Belas-Artes se increve. Mas, ao invés de conduzir os estudos regulares, prefere circular pelas ruelas da cidade, olhar horas a fio os mosaicos da Igreja de São Marcos ou as telas elegante de Carpaccio expostas nas gallerie. Para os colegas, é apenas um diletante, um moço erudito que freqüenta museus para afugentar o tédio. Entretanto, Amedeo Modigliani escrevia ao amigo Oscar Ghiglia: "Escrevo para desabafar-me contigo e para afirmar-me diante de mim mesmo. Estou dominado pelo brotar e desaparecer de enregias fortíssimas. Queria, pelo contrario, que minha vida fosse um rio rico de abundância derramando alegria sobre a terra. A ti posso enfim dizer tudo: pois bem, sou rico e fecundo e tenho necessidade da obra. Eu agora possuo o orgasmo, mas é o orgasmo que precede o prazer, ao qual sucederá aatividade - vertiginosa e ininterrupta - da inteligência".
Modigliani sonha com Paris. Como tantos outros, de outros países, via a sua terra natal como uma província confinada, cujo presente nada acrescentava às glórias artísticas do passado. Um jovem catalão realizou esse sonho em 1900. Chamava-se Pablo Picasso. Em 1904, foi a vez do italiano Brancusi. Em 1906, o espanhol Juan Gris, o russo Kandinsky. O italiano Modigliani.
O Modigliani que chega a Paris e se instala numa água-furtada da Rue Caulaincourt é um jovem de estrutura pouco abaixo da média, que veste todos os dias o mesmo paletó de veludo côtele e tem uma imensa vontade de seduzir o novo ambiente para afirmar-se e de afirmar-se para seduzir. "Seus cabelos pretos como as penas de um corvo circundam uma fronte poderosa", descreve-o o escultor russo Zadkine. "Sua barba cortada rente é uma sombra azul em sua figura de albatroz."
Raros porém são os que se dão ao trabalho de prestar atenção a mais esse estrangeiro. No bairro de Montmartre, habitado ou freqüentado por Van Dongen, Juan Gris, Salmon, Max Jacob, Braque, Derain, Dufy, Matisse, G. Apolinaire e J. Cocteau, já se pressentia que Picasso seria Picasso, mas nínguém se ocupava desse italiano interessado em belas jovens, boa poesia e que dizia frases do tipo "Eu adoro a filosofia". Ainda eram poucos os que chamavam "Modi" ou "Dedo". Ele vive à custa da mesada que a mãe regularmente envia e que lhe permite começar os meses faustosamente e terminá-los quase a zero.
Algum tempo depois de sua chegada a Paris, Modigliani dizia brincando que só havia encontrado um cliente para seus quadros - um cego. Não estava longe da verdade. O velho Léon Angeli, da Rue Gabrielle, quase cego, comprava metódicamente as telas dos jovens pintores, como alguém que joga ao mesmo tempo em vários números da roleta. No início da guerra de 1914, desesperado por falta de dinheiro, Angeli venderá a preços irrisórios toda a sua coleção e morrerá na miséria em 1921.
Por volta de 1908, Modigliani encontra o Dr. Paul Alexandre, marchand amador, que lhe dá o conforto de uma amizade, o calor de uma adimiração e a ajuda material de um comprador. O Dr. Alexandre não tinha muitos recursos, mas durante vários anos gastou o necessário para constituir uma coleção de "Modiglianis" que conservou, intacta e zelosamente, através das incertezas de duas guerras, recusando ofertas de venda cada vez mais fabulosas. Parece que, à excessão do Dr. Alexandre e de alguns amigos pintores que encorajavam Modigliani, nem os negociantes de quadros nem os profissionais tinham então a medida da importância de sua obra. Não que Modigliani fosse desconhecido. Mas certamente era subestimado. Reconhecia-se seu talento, mas não se via em seus retratos muita originalidade. O homem era boêmio e agressivo. O artista, um menino bem comportado. Para a maioria, sua pintura era "tímida". E havia quem a julgasse até acadêmica.
Em companhia do Dr. Alexander, Modiglini - que se inscrevera na Sociedade dos Artistas Independentes - percorre as esposições de Cézanne ou Matisse, os pintores que, com Toulouse-Lautrec, mais despertavam seu entusiasmo. Vai ainda aos antiquários, à galeria de Paul Guilaume. No Museu Etnografia descobre a estatuária africana, como o fizeram tantos artistas de sua geração.
Em 1908, expõe pela primeira vez no Salão dos Independentes. Apresenta cinco telas e um desenho. São retratos cujo estilo lembra os períodos "azul" e "rosa" de Picasso, cujotraço sugere Gauguin. Tudo o que pinta ou desenha entre 1906 e 1909 dá a impressão de ser uma busca, uma pesquisa segundo o método do "ensaio-e-erro". Menos quanto ao tema dos trabalhos, que permanecerá idêntico ao longo de sua obra inteira. Enquanto seus colegas volta e meia se dedicam à paisagem. Modigliani continua voltado para um único assunto, observa um único horizonte, só aceita uma única natureza: a figura humana. Sua carreira será toda ela a história de uma longa reflexão sobre o rosto de homens e mulheres. "Sua pintura", escreveu um crítico, "tem o monotonia admirável da paixões."
Com a exceção de alguns retratos de casais e de retratos de crianças lado a lado, Amedeo Modigliani jamais concebeu na pintura relações humanas que não fossem as do artista confrontado com seu modelo, nem outro problema de composição que não fosse o do ser humano - só - face ao espectador. O universo das paisagens ou dos interiores é só um fundo. Não interessa saber o cenário em que se movem os personagens. Não interessa mostrar criaturas datadas e situadas. Não interessam as miudezas do cotidiano.
No outono de 1909, Modigliani volta a Livorno. Enfrenta sérias dificuldades financeiras, sua saúde já se ressente dos excessos de álcool e de drogas e da falta de alimentação e repouso. No trem que o conduz à Itália, o artista não está pensando porém em seus problemas pessoais e sim nas conversas que mantivera ao longo dos últimos meses com seu mais recente amigo, Constantin Brancusi, o escultor. Este lhe falara com entusiasmo da arte negra e da estatuária primitiva que os antropólogos descobriram. Estimulara-o a trocar os pincéis pelo cinzel e a exprimir no mármore sua visão da figura humana. Ao descer na estação de Livorno, Modigliani está decidido: vai esculpir. Dias depois, já está debruçado na pedra. Trabalha com a convicção dos que descobrem uma nova verdade. Quando tem um conjunto razoável de peças prontas, chama alguns de seus antigos colegas para que as julguem. Mas eles balançaram a cabeça, são severos, desenrolam um sem-número de restrições. Modigliani contém-se para não brigar. Mas terá de libertar pela violência a frustração acumulada. Sem dizer nada a ninguém, coloca as esculturas num carrinho de mão, vai até um dos canais da cidade e joga tudo no rio. Até hoje nenhuma das peças foi recuperada.
De regresso a Paris, no anos seguinte, Modigliani voltará a esculpir, mas só esporadicamente. Aqui, o problema da falta de recursos se fará sentir. O preço da pedra era muito grande para alguém com tão poucas posses. Ele chegará a roubá-la, às noites, de casas em construção. E terminará por desistir do projeto.
Graças porém à sua experiência como escultor, Modigliani pôde expandir, na pintura, seus verdadeiros meios de expressão, completar sua procura de um ideal plástico. Da arte dos povos africanos, reteve o sistemático alongamento dos rostos, o tratamento geométrico do pescoço, o volume decidido e retilíneo do nariz - que tanto caracterizam seus retratos. Mas incorporou também as licões estéticas dos antigos celtas, das civilizações pré-colombianas, das culturas do Oriente - os ancestrais da arte moderna. Não se trata, contudo, de uma ruptura com o que se chama "a tradição clássica européia", mas as fórmulas esteriotipadas que usurpam esse nome. Romper com o academicismo para estreitar os laços com a Academia Universal, com as revelações e conquistas de vários milênios de história de arte.
A guerra de 1914 conduz Modigliani a uma situação material ainda mais penosa. Muitos de seus amigos - entre eles o Dr. Alexandre - haviam sido mobilizados. Paris se esvaziava. As relações com a Itália, com sua família e a ajuda que de lá recebia tornavamse cada vez mais irregulares. Dizem que o artista tentou engajar-se, mas os médicos do Exército deram-no como inapto. De modo que só lhe restou ficar em Paris, na condição de civil. Foi então que conheceu seus piores anos de miséria. Mas foi então também que conheceu a poetisa inglesa Beatrice Hastings, com quem viverá dois anos e de quem dependerá para o sustento. Ainda assim, passou o ano de 1914 quase sem produzir nada. Afirmam seus estudiosos que, de um total estimado de 362 quadros, Modigliani pintou menos de uma dúzia entre 1913 e 1915.
A partir de então, porém, e malgrado todas a vicissitudes, a produção do artista se tornará mais e mais abundante. Ninguém duvida de que isso se deve a um obscuro exilado polonês com quem Modigliani travou conhecimento pela primeira vez n o começo de 1915: Léopold Zborowski, que tinha um pequeno negócio de quadros na Rue Joseph Bara. Zbo - como era chamado - foi para Modigliani um empresário, um companheiro, um cúmplice - um amigo. Enquanto o pintor trabalhava ou vagabundeava, Zbo, suas telas debaixo do braço, tentava enternecer e persuadir os grandes, os verdadeiros marchands para que comprassem as obras do jovem italiano desconhecido. Freqüentemente em vão. Freqüentemente o polonês voltava silencioso, os olhos em lágrimas. Contudo, aos poucos, seus esforços deram frutos.
Os colecionadores começaram a se interessar por suas obras, ao mesmo tempo familiares e estranhas, ora dirigidas a uma forma abstrata - à qual as figuras emprestam volume feitio -, ora voltadas à descoberta dos segredos do espírito humano.
Hoje, muita gente ainda se pergunta: o que é um Modigliani? É um retrato, de preferência um retrato de mulher, tratado segundo a tradição o retrato decorativo da escola italiana. O traço é sublinhado, constantemente visível. Percorre e organiza a superfície da tela obedecendo a um ritmo de grandes curvas melodiosas. Sugere o corpo humano mediante recurso a deformações arbitrárias: o pescoço e as mãos são desmedidamente alongados, o dorso é relativamente curto, a cabeça - diminuta com relação ao conjunto - é organizada em torno da linha vertical do nariz, e os olhos são pequenas amêndoas. Quase sempre, o modelo está sentado numa cadeira, numa atitude que mistura melancolia e indiferença ou uma sensualidade amortecida e pensativa. Em outras palavras, o que Modigliani exprime é muitas vezes melancolia serena e discreta ou uma estranha ternura ou uma sensualidade melodiosa. Nunca algo que seja "doentio" ou "perverso". Sempre uma pintura inteligente.

É a inteligencia de Modigliani que explica a variedade de sua obra. Ela se traduz em seus retratos pelas variações da técnica: é a natureza do modelo que determina a escolha da expressão gráfica. E aí reside a inteligencia do artista. Pois as mudanças na técnica jamais são uma busca da forma pela forma. O que ele pretende dizer é que determina a linguagem a utilizar. Na aparente monotonia, Modigliani a cada vez renova sua paleta e reinventa uma linguagem. A vida nunca deixou de maravilhar o pintor, ainda que aos pouquinhos o fosse assassinando.
Foi em 1917 que o destino aproximou Modigliani da jovem que seria sua companheira para além da morte: Jeanne Hébuterne. Ele a amou e a pintou com toda a doçura de que era capaz. Procurou poupá-la ao máximo de suas próprias explosões de cólera, da ira que o ácool fazia subirà tona. Mas não pôde poupá-la da fome, da miséria, da incerteza, agravadas pela má saúde. Era difícil montar exposições; mais ainda, vender os quadros. Para chamar a atenção do público para uma exposição na galeria de Berthe Weil, na Rue Laffite, Zborowski teve a idéia de colocar quatro nus na vitrina. Mas a polícia chegou antes que os compradores e exigiu que as telas fossem retiradas a bem da moral. A mostra redundou em fracasso.
Apesar da carência e meios, consegue arranjar o suficiente para viajar a Nice a fim de não submeter seu organismo debilitado aos rigores do inverno de Paris. Ali encontra breve repouso e tempo para dedicar-se a Jeanne, que lhe dera uma filha em novembro de 1918. A miséria não o impedia de ter certos gestos, ao mesmo tempo absurdos e plenos de humanidade. O pintor Vlaminck lembra que num dia de inverno encontrou Modigliani no Boulevard Raspail observando o desfile de táxis como um general que passa sua tropa em revista. Um vento gelado mordia-lhe a pele. "Assim que me viu", conta Vlaminck, "aproximou-se muito simplesmente, como se tratasse de uma coisa supérflua, disse: - Eu te vendo meu sobretudo; ele é grande demais para mim; em você cairá melhor." Num dia como esse, Amedeo Modigliani seria capaz de sentar-se num café, desenhar indefinidamente e depois jogar as folhar para o alto como um milionário enlouquecido distribuindo sua fortuna. E se tivesse algum dinheiro ele se derreteria em suas mãos tão depressa quanto neve sob o sol. Horas mais tarde estaria remexendo em seus pertences para descobrir algo - uma valise, um capote - que pudesse vender.
"Eu já conheço a vida, logo serei apenas cinzas", confidenciava a Zborowski. De fato, os médicos jamais haviam diagnosticado meningite de origem tuberculosa. A outro amigo, Ortiz de Sarte, dizia: "Olhe, só me resta um pequeno pedaço de cerébro. Eu sei muito bem que é o fim". Numa noite de janeiro de 1920, Modigliani acompanhava alguns amigos pela Rue de la Tombe-Issoire. Está bêbado, tiritando de frio, mal-humorado. Deixa-os quando resolvem entrar em casa de um deles. Senta-se a um banco, agredindo a noite gelada com as piores imprecações. No dia seguinte, delirando de febre e protestando violentamente, é transportado para o Hospital de la Charité. Ao deixar a casa, ainda encontra um momento para segredar a um amigo: "Já me despedi de minha mulher. Leve-a embora. Nós nos pusemos de acordo: nossa alegria será eterna".
A 25 de janeiro morre no hospital. Segundo a lenda, teria murmurado ao expirar: "Querida, querida Itália". Ao saber de sua morte, Jeanne - que esperava outro filho - foi até o apartamento de seus pais, no quinto andar de um prédio, e atirou-se pela janela.
É possível dizer da vida breve de Amedeo Modigliani que tenha sido uma sucessão de caprichos, bebedeiras e derrotas. De miséria e de tristeza. Muitos de seus comtemporâneos o consideravam um boêmio conservador, que buscava uma impossível reconciliação entre a tradição e a audácia. Enganaram-se. O verdadeiro Modigliani passou perto deles, quase invisível, como um personagem de conto de fadas, que dissimula sua identidade como um príncipe com roupa de vagabundo. Um príncipe que um dia escreveu: "A vida é um dom. De poucos para muitos. Dos que sabem e possuem aos que nem sabem e nem possuem".
Modigliani soube. Modigliani possuiu.

Fotografia: Amedeo Modigliani e Jeanne Hébuterne


Fonte:Aminh'Art 

sexta-feira, 29 de julho de 2011

MON inaugura espaço para artistas paranaenses


 O Museu Oscar Niemeyer (MON) inaugura neste sábado, 30 de julho, às 11 h, a Sala Referência do Acervo e Ação Educativa. O espaço vai homenagear, a cada seis meses, um artista local que possua obras no acervo do museu. O primeiro homenageado é o escultor Erbo Stenzel. Esculturas, gravuras e desenhos dele estão em exposição até janeiro de 2012. Durante a cerimônia de abertura, familiares do artista estarão presentes.Foto:MON
O primeiro homenageado é o escultor Erbo Stenzel. Esculturas, gravuras e desenhos dele estão em exposição até janeiro de 2012. Durante a cerimônia de abertura, familiares do artista estarão presentes.Foto:MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) inaugura neste sábado (30), às 11 horas, a Sala Referência do Acervo e Ação Educativa. O espaço vai homenagear, a cada seis meses, um artista local que possua obras no acervo do museu. O primeiro homenageado é o escultor Erbo Stenzel. Esculturas, gravuras e desenhos dele ficam em exposição até janeiro de 2012. Familiares do artista estarão presentes na cerimônia de abertura da mostra.

“Embora a maioria dos curitibanos não conheça Erbo Stenzel, todos estão constantemente em contato com o artista por meio de suas obras espalhadas pelas praças de Curitiba na forma de bustos de personalidades locais”, aponta o historiador Ricardo Freire, do MON.

O mais importante projeto de Stenzel, observa Freire, é a estátua do Homem Nu, situada na Praça 19 de Dezembro, uma referência na cidade. Erbo Stenzel, um dos mais importantes escultores do Paraná, também se destacou como professor da Escola de Música e Belas Artes.

“A homenagem que o museu faz ao grande escultor é um reconhecimento justo a uma figura essencial na história da arte paranaense”, completa o historiador.
Sobrinho de Erbo, o engenheiro mecânico João Nestor Stenzel, de 69 anos, diz, em nome da família, que essa homenagem é uma prova de reconhecimento ao talento de seu tio. “Estamos satisfeitos com essa iniciativa, que valoriza o talento e a trajetória de Erbo”, afirma João Nestor. Além dele, que vive em Curitiba, outra sobrinha do artista, a bibliotecária Norma, de 73 anos, virá de Brasília para prestigiar o evento.

O ESCULTOR – O nome de Erbo Stenzel (1911-1980) é referência quando o assunto é escultura. Ele realizou bustos de personalidades como o do artista Alfredo Andersen (Praça Alfredo Andersen), o da curandeira popular do bairro Água Verde, Maria Polenta (na Praça Maria Polenta) e o do Dr. José Pereira dos Santos Andrade, (Praça Santos Andrade). A obra “Água pro Morro”, na Praça Borges de Macedo, também é de autoria do artista.

No entanto, a obra mais conhecida de Stenzel é o monumento do centenário da emancipação política do Paraná na Praça 19 de Dezembro, composto pelo obelisco, baixo-relevo e a estátua do “Homem Nu”, realizada com a parceria do escultor paulistano Humberto Cozzo.

ENXADRISTA – Stenzel também se destacou como jogador de xadrez. Venceu diversos campeonatos municipais e estaduais. Em 1959, conquistou o campeonato paranaense. Para homenageá-lo, foi inaugurado, em 1979, o Clube de Xadrez Erbo Stenzel, no Museu Guido Viaro. O clube foi reaberto, em 2010, na Galeria Júlio Moreira.

Agora, a Sala Referência do Acervo e Ação Educativa, mais novo espaço do MON, faz uma homenagem a ele. Associar educação, arte e Erbo Stenzel faz todo o sentido. Afinal, o artista e enxadrista curitibano, nascido no dia 17 de dezembro de 1911, norteou a sua trajetória pela busca do conhecimento.

No que diz respeito às artes visuais, iniciou o seu aprendizado com Lange de Morretes (1892-1954) e posteriormente recebeu orientação de João Turin (1879-1949).

Em 1939, Stenzel muda-se para o Rio de Janeiro e frequenta o curso de Escultura da Escola Nacional de Belas Artes. Ao retornar a Curitiba, em 1950, torna-se professor na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

O talento do artista foi por diversas vezes reconhecido com prêmios em salões. Erbo Stenzel faleceu no dia 23 de julho de 1980. A sua antiga casa foi reconstruída, em 1998, no Parque São Lourenço, com a finalidade de funcionar como um museu referente à sua vida e obra.

SERVIÇO:

Inauguração da Sala Referência do Acervo e Ação Educativa

Museu Oscar Niemeyer

Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico

Dia 30 de julho (sábado) às 11 horas

Primeiro homenageado – Erbo Stenzel

Obras do artista curitibano em exposição na sala até janeiro de 2012

Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia).

Entrada gratuita no primeiro domingo de cada mês

Mais informações: (41) 3350-4400

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Baleia é salva de uma rede de pescadores e “agradece” a seus heróis com um lindo balé aquático


O vídeo abaixo mostra a incrível aventura que Michael Fishbach viveu para salvar uma linda baleia enrolada em uma enorme rede de pescadores. Ele é um dos fundadores da ONG The Great Whale Conservancy, que salva baleias pelo mundo, mas dessa vez acabou tendo que interromper um passeio com a família e amigos para salvar o animal ferido, que provavelmente morreria se o barco onde estavam não passasse por ali por acaso. A luta para livrar a baleia das redes foi grande, e ela colaborou o tempo inteiro. Depois que eles finalmente conseguiram soltar o bicho, ela mostrou sua felicidade de maneira bem especial, quase como um agradecimento a seus heróis. Está em inglês, mas a língua é o menos importante nesse caso.





Fonte: ÉPOCA

MORTE E VIDA SEVERINA EM DESENHO ANIMADO



Morte e Vida Severina em Desenho Animado é uma versão audiovisual da obra prima de João Cabral de Melo Neto, adaptada para os quadrinhos pelo cartuinista Miguel Falcão. Preservando o texto original, a animação 3D dá vida e movimento aos personagens deste auto de natal pernambucano, publicado originalmente em 1956.

Em preto e branco, fiel à aspereza do texto e aos traços dos quadrinhos, a animação narra a dura caminhada de Severino, um retirante nordestino, que migra do sertão para o litoral pernambucano em busca de uma vida melhor.

TV Escola 
Dica da  Christiane Angelotti

1/4

2/4

3/4

4/4

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bibliotecas de Curitiba são destaques na Alemanha


principal
 Na imagem, Farol do Saber na escola municipal Anita Merhy Gaertner
Foto: Cesar Brustolin/SMCS 

A Rede Municipal de Bibliotecas Escolares de Curitiba é destaque na revista alemã Bibliothek Forschung und Praxis (Biblioteca Pesquisa e Prática). A publicação especializada da área de biblioteconomia traz reportagens em língua alemã e inglesa e abriu espaço para ressaltar o trabalho feito nas 180 bibliotecas escolares e Faróis do Saber que compõem a rede curitibana.
"Ficamos orgulhosos com essa repercussão. A Prefeitura vem cumprindo com a meta de entregar bibliotecas em todas as escolas municipais, melhorando a qualidade do ensino público", diz a secretária Municipal da Educação, Liliane Sabbag.
A Bibliothek Forschung und Praxis é publicada três vezes por ano e tem quase 150 páginas. Nesta edição está a história da rede de bibliotecas escolares de Curitiba, composta por aproximadamente 790 mil livros e material multimídia e interligada por um sistema informatizado.
A revista também fala sobre a capacitação dos profissionais que trabalham para atender os estudantes e a comunidade que emprestam livros. Todas as unidades possuem espaços equipados, organizados tecnicamente segundo padrões biblioteconômicos, assim como agentes de leitura com perfil e qualificação adequados, bibliotecários e gestores da informação que garantem a implantação e a catalogação dos acervos e a execução de outros serviços.
O texto mostra ainda que Curitiba é o município com maior número de bibliotecas por 100 mil habitantes, segundo dados do 1º. Censo Nacional de Bibliotecas Públicas Municipais, do Ministério da Cultura.
principal
A revista mostra ainda fotos de estudantes da rede municipal nas bibliotecas Menino Maluquinho, da Escola Municipal Belmiro Cesar, no bairro Fanny; Viagem do Saber, na escola Helena Kolody, no Campo de Santana; e Sylvia Orthof, na escola Maria de Lourdes Lamas Pegoraro, no Cajuru.
Leitura - A Rede Municipal de Bibliotecas Escolares de Curitiba foi instituída no ano de 2007, em 18 de abril, Dia do Livro Infantil.
Até então, apenas 23 escolas municipais contavam com sala específica para os livros, que não tinham classificação bibliográfica. Outras opções para a leitura eram os 45 Faróis do Saber e a Biblioteca Central da Secretaria Municipal da Educação, especializada na área.
Os investimentos da Prefeitura para garantir espaços de literatura de qualidade incluíram a construção, reforma ou ampliação de salas, compra de material e acervo e formação contínua de agentes de leitura.
A previsão é que até 2012 todas as escolas municipais da cidade tenham bibliotecas com acervo médio de dois mil livros cada.
Dessa forma, a cidade será uma das primeiras a se adequar à lei federal nº 12.244/2010, que determina que, no período de dez anos, todas as instituições educacionais públicas e privadas do Brasil tenham bibliotecas com acervo mínimo de um livro por aluno matriculado.
Em março de 2010, a Rede Municipal de Bibliotecas Escolares recebeu o prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Governo Federal. O prêmio foi entregue em Brasília pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem idade para morrer




RUY CASTRO


Está bem, Amy Winehouse morreu com 27 anos, assim como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e outros que ficam na geladeira, todos por problemas relacionados ao uso de substâncias. Os 27 anos são coincidência. Mas há quem veja nisto um significado transcendental, como se esta fosse uma idade fatal para roqueiros.
Vejamos. Elvis Presley morreu aos 42, em 1977; Michael Jackson, aos 50, em 2009; Jerry Garcia, do Grateful Dead, aos 53, em 1995; John Phillips, do The Mamas and the Papas, aos 65, em 2001. E há outros que, com um inacreditável passado de drogas, estão milagrosamente vivos: Ron Wood, aos 64 anos; Eric Clapton, aos 66; Keith Richards, aos 67 -periga se tornarem bisavôs antes de morrer.
No jazz, a droga também ceifou gente de todas as idades. O trompetista Fats Navarro morreu aos 26 anos, em 1950; Charlie Parker, aos 34, em 1955; Billie Holiday, aos 44, em 1959. Mas Miles Davis, bem ou mal, conseguiu chegar aos 65 anos, em 1991, e Chet Baker, muito mal, aos 58, em 1988. Sem falar em Ray Charles, que usou heroína durante décadas e morreu aos 73, em 2004, de causas naturais.
No Brasil, Cazuza se foi aos 32 anos, em 1990; Elis Regina, aos 36, em 1982; Cássia Eller, aos 39, em 2001; Raul Seixas, aos 44, em 1989; e Carmen Miranda, aos 46, em 1955. Mas o incrível foi Garrincha ter chegado aos 49, em 1983, e Tim Maia, aos 55, em 1998, pelo que abusaram de si mesmos.
Todos os citados tiveram a vida ou a carreira alterada por álcool, maconha, cocaína, heroína, ácido ou remédios "controlados" -alguns, por uma dessas especialidades; outros, por várias; e ainda outros, por todas juntas. E isso não aconteceu por eles serem artistas, mais "rebeldes" ou "sensíveis" que a média. Mas por serem humanos, famosos, e por não faltar combustível para sua morte.

fonte: Folha de S.Paulo